Neste
capítulo, trazemos uma coletânea de procedimentos
preliminares, fruto de nossa própria vivência, da colaboração
de colegas experientes no tema e da compilação de artigos
especializados. Apesar de não serem conselhos absolutos,
pois cada caso requer um comportamento distinto, estes são
procedimentos consagrados e adotados internacionalmente.
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ESCUTE,
antes de efetuar qualquer transmissão...sempre ! Lembre-se
que o tráfego prioritário deve ter preferência sobre
todos os demais. JAMAIS interrompa esse tipo de tráfego.
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NUNCA
se adentra à freqüência de operações, para fazer
perguntas como: "O que está acontecendo ? Como está
a situação na cena do desastre ? Posso ser útil ? " (
Aliás, esta última pergunta tem sido a campeã, em operações
por nós acompanhadas... ). Em nossa opinião, quem mais
ajuda é aquele que menos atrapalha ! Quando houver
necessidade de ajuda, tenha certeza de que o coordenador da
rede não hesitará em pedi-la, principalmente se a sua estação
já tiver sido credenciada, na freqüência de adesão.
Como o próprio nome já diz, trata-se de um canal onde se
credenciam as estações dispostas a entrar na operação.
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ORGANIZE-SE.
Temos notado que, logo nos primeiros momentos de uma emergência,
muitos são os que se apresentam para ajudar. Porém, com o
passar das horas, chegam a faltar operadores substitutos. Além
disso, o estresse das primeiras horas de operação pode
desarticular uma rede de maior duração. Lembre-se que,
dependendo da gravidade da situação, uma rede pode
permanecer "no ar" por dias seguidos. Uma seqüência
de turnos e horários é necessária para não haver
sobrecarga dos operadores. Lembramos que eventuais auxílios
de fim de semana são completamente dispensáveis.
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RESPEITE
o axioma: o êxito dos trabalhos da rede dependerá
diretamente da observância de uma férrea disciplina ! O
radioamador responsável pela coordenação deve ser a
autoridade máxima.
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DISPONHA-SE.
Quando
oferecer seus serviços ou equipamentos à rede, não espere
que alguém vá até você. É sua obrigação levar a
oferta até o local determinado pela coordenação, pois
todos devem estar sobrecarregados com outras tarefas.
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IDENTIFIQUE.
Todo
equipamento emprestado deverá trazer etiqueta, contendo a
identificação de seu proprietário. Isso evitará
extravios, no final das operações.
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NUNCA
se
apresente à rede sem a identificação completa de sua estação.
Além disso, em operações desse tipo, devem ser evitadas
as gentilezas dos comunicados usuais, que só tomam o
precioso tempo da rede.
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USE
linguagem
compatível com o procedimento da rede. Sendo formada por
voluntários, ela pode abrigar colegas que desconhecem tais
procedimentos. Logo, o exemplo de sua estação é
imprescindível, na execução dos serviços. O uso de códigos
deverá ser reduzido a um mínimo necessário, objetivando
maior clareza nos comunicados. Muito falatório pseudotécnico
deve ser substituído por mensagens curtas e significativas.
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MANTENHA
A CALMA. Por
mais desesperadora que seja a situação, não demonstre
insegurança. O momento exige lucidez, ações coordenadas e
atitudes eficazes. Não transpareça nervosismo. Se você não
aprovar a conduta de algum colega, ou se a operação
estiver evoluindo a seu contragosto, evite manifestar-se.
Espere por uma posterior avaliação em grupo. Nesse caso,
seja objetivo e aponte a suposta falha, polidamente.
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PROCURE
montar
uma boa base de operações, cercando-se de outros meios de
comunicação e informação ( Ex.: telefone, fax,
equipamento de escuta AM-FM, mapas da região etc...).
Muitas vezes, programas informativos trazem informações
oportunas e válidas para a rede. Ademais, organize uma
agenda de telefones estratégicos, de organizações e
pessoas que possam fornecer equipamentos e facilidades
especiais ( Ex.: ferramentas, veículos especiais, guinchos,
contatos em serviços públicos e de segurança etc...).
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PROVIDENCIE
baterias
ou fontes alternativas de energia. No caso de dispor de
apenas um HT em sua estação, procure opera-lo com fonte
externa, poupando carga para um eventual deslocamento. Faça
revisão constante das baterias, mantendo-as sempre
carregadas.
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EMPRESTE
seus
conhecimentos. Situações específicas exigem conhecimentos
específicos, que só profissionais ou pessoas treinadas
podem compreender e administrar corretamente ( Ex.: num
naufrágio, seria escolhido um radioamador experimentado em
atividades marítimas ou que tenha vivência de mergulho,
navegação etc...).
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DESCONFIE
de
sua memória, por mais prodigiosa que ela seja. Cerque-se de
papel e canetas em abundância. Preferencialmente, anote
tudo o que for transmitir e as mensagens que recebeu,
acrescentando horário e procedência dos comunicados.
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TRABALHE
em
equipe. Tarefas estabelecidas para uma determinada estação
não devem ser "atravessadas" por outros
operadores ( Ex.: no caso de ser solicitada uma ligação
telefônica, ninguém mais deve faze-la a não ser a pessoa
incumbida da tarefa ).
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EVITE
invadir
a seara alheia. Em operações conjuntas ( Polícia,
Bombeiros etc... ), o radioamador deve ater-se unicamente à
sua função: fazer comunicados e apoiar tais serviços.
Nunca envolver-se em outras atividades, para as quais não
está preparado e que não estejam no âmbito de suas
atribuições ( Ex.: fazer curativos e / ou remover feridos
).
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ATENTE
para
o perigo existente ao transmitir seqüências de algarismos.
Utilize o código numérico internacional. Exemplo clássico
é o número zero, que erroneamente é codificado
como "NEGATIVO", quando a forma correta é
"NADA".
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TENHA
o
cuidado de não repetir em demasia o que as outras estações
transmitiram. Diga simplesmente: "QSL", quando
tiver anotado corretamente as mensagens.
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VEICULE
toda
informação não-prioritária em freqüência alternativa (
Ex.: atualização de informações, sugestões etc...).
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DESPREZE
eventuais
molestadores dos trabalhos. Use de tato, para isolar e
deslocar perturbadores propositais, ignorando sua presença.
Quanto menos atenção receberem, mais cedo desistirão de
molestar.
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MODULE
calma
e pausadamente, para que sua voz seja ouvida com clareza.
Recomenda-se posicionar o microfone obliquamente em relação
à boca, evitando desagradáveis
ruídos de respiração e sopros.
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EVITE
desperdício
de potência irradiada, usando apenas o necessário para ser
bem copiado pela rede e / ou acionar o repetidor. Um recurso
válido para economia de baterias é desativar algumas funções
não essenciais de seu equipamento, tais como: luz de
painel, beep de cortesia etc... É aconselhável ainda a
ativação da função economizadora de bateria, disponível
em vários equipamentos atuais.
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DESOCUPE
o
quanto antes a freqüência da rede, buscando ser o mais
objetivo possível, além de evitar desgaste excessivo de
bateria. Para ter certeza de ser bem copiado, procure o
melhor ponto de recepção da estação coordenadora; assim
procedendo, é quase certo que será bem ouvido pela
coordenação.
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POSICIONE-SE
onde
a operação requer sua presença. Pouco adianta querer
ajudar desde o conforto de seu lar, quando inúmeras posições
devem ser guarnecidas.
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ESTAÇÕES
MÓVEIS são
muito úteis, mesmo quando o local da emergência está
distante. A oferta de transporte será sempre bem-vinda, bem
como a cobertura de zonas de silêncio; tarefas adequadas
para operadores munidos de equipamentos móveis.
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DURANTE
a
operação móvel, não esqueça que a bateria de seu veículo
necessita ser recarregada. Se possível, evite consumo
excessivo da mesma, mantendo apenas a iluminação mínima
indispensável à segurança e desativando sistemas supérfluos
do automóvel. Quando estacionado, deve-se acionar o motos
periodicamente, a fim de recarregar o que foi dispendido
durante a operação do rádio. Uma bateria de reserva também
é recomendada, principalmente em longas permanências no
local. Por precaução, procure posicionar seu automóvel em
pontos altos do terreno. Assim, é mais fácil empurra-lo,
se a bateria falhar.
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LEVE
consigo
alguma comida e água. A própria condição emergencial da
operação exige tais providências. Alimentos que dispensem
refrigeração e cozimento são os mais adequados.
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CABERÁ
ao
coordenador da rede, ao caracterizar-se a emergência,
requisitar o uso exclusivo de repetidoras e / ou freqüências
adequadas à operação.
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OPERE
seu
HT de modo a conseguir ótima performance e maior autonomia
possível. Muitas vezes, devido à sua agilidade
operacional, gasta-se a energia desnecessariamente, fazendo
com que venha a fazer falta num momento crucial.
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CONSCIENTIZE-SE
de
que , num contexto de emergência, podem ocorrer diversas
situações simultâneas, que requerem uma rápida avaliação
para o discernimento da prioridade na comunicação. Por
exemplo: durante uma inundação, surgem - ao mesmo tempo -
situações de afogamento, de resgate de populações
ilhadas, de feridos, de óbitos etc... O operador deve
priorizar o caso mais urgente ( no caso, o afogamento ),
pois nele existe iminente risco de vida.
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