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THOMAS
ALVA EDISON, EX-TELEGRAFISTA
John
O. Pastore
Alguns
passos importantíssimos no progresso das comunicações foram dados
no último quartel do século dezenove. Eis a lista dos principais:
1876
- o telefone, por Alexander Graham Bell
1877
- o fonógrafo, por Edison
1879
- a luz elétrica, por Edison
1883
- o “efeito de Edison”, por Edison
1884
- o filme fotográfico e o suporte de rolo, por George Eastman
1889
- o aparelho cinematográfico, por Edison
1893
- a radiofonia, por Roberto Landell de Moura
1896
- a radiotelegrafia, por Guglielmo Marconi
Se
o nome de Edison ocorre com freqüência na lista, a razão é
porque, durante a sua vida, o Registro de Patentes dos Estados
Unidos lhe concedeu 1.093 patentes - recorde absoluto para um só
homem. Era esse o mesmo Thomas Alva Edison contratado pela Western
Union para enfrentar a concorrência do telefone de Graham Bell.
Edison
entrou em cena com um novo transmissor, que utilizava elétrodos de
carbono. Usado em conjunto com o telefone de Graham Bell, passou a
constituir um instrumento superior.
Tremenda
rivalidade nasceu entre Graham Bell e a recém-criada American
Speaking Telephone Company, da Western Union. E a demorada demanda
judicial entre as duas companhias resultou num acordo para explorar
em comum as patentes de ambas. As ações de Graham Bell, que haviam
sido mascateadas por 25 dólares, valiam agora 995 cada uma.
O
resultado paradoxal da invasão do campo telefônico pela Western
Union foi dar a Graham Bell e ao seu telefone uma grande importância.
Os recursos de Graham Bell eram muito limitados para popularizar o
telefone, mas a rica e poderosa Western Union emprestou nova
categoria ao que fôra considerado um simples brinquedo, e não
tardou que o projetozinho de Graham Bell começasse a vender mil
aparelhos por mês. Isto já eram negócios em larga escala, e
precisavam de um gerente. Ninguém, no grupo de Graham Bell, possuía
habilidade para tanto. Mas o gerente foi encontrado na pessoa do
chefe do Serviço dos Correios em Washington, indivíduo que estava
destinado a erguer o telefone da sua existência ao Deus-dará, às
culminâncias do poder.
Theodore
N. Vail foi o homem que se tornou gerente geral de Graham Bell em
1879. O ímpeto que criou e o cunho que imprimiu perpetuaram-se nos Prêmios
Theodore N. Vail, concedidos anualmente a funcionários telefônicos
por atos individuais de relevante serviço em emergências.
Iniciara
Vail a sua carreira comercial como telegrafista - à semelhança de
Thomas Alva Edison. Alias, a história da transformação de Edison
em mestre no Código Morse merece aqui um parágrafo.
Aos
quatorze anos de idade, vendia jornais e doces no trem entre Port
Huron e Detroit. A estação de Mt. Clemens era uma das paradas e um
Sr. MacKenzie o seu agente telegráfico. Certa feita, na estação,
o moço Edison se entretinha cavaqueando com MacKenzie, enquanto o
filho deste último, menino de três anos, brincava no meio dos
trilhos. De repente, vindo não se sabe de onde, surgiu um trem de
carga, que recuava, cegamente, sobre os mesmos trilhos. Edison
percebeu o perigo, atirou-se à criança, empolgou-a e escapou,
rolando no chão, à morte iminente, sofrendo, apenas, umas poucas
escoriações.
O
pai, agradecido, entrou a matutar no que faria para demonstrar o seu
reconhecimento e, finalmente, sugeriu a Edison umas aulas de
telegrafia. Exultante e entusiasmado, agarrou-se o garoto à
oportunidade e assim, transpôs o limiar de uma carreira que
modificaria o mundo para ele e toda a gente do mundo. O incidente
ensejou-lhe o ingresso no mundo da eletricidade, que ele
revolucionaria.
Era
ao tempo da Guerra Civil e o exército da União arrebanhava,
sofregamente, os mais velhos e experimentados telegrafistas. De
sorte que surgiu, em casa, um serviço para o menino de dezesseis
anos, que logo se tornou campeão entre os telegrafistas e entrou a
procurar novos mundos para conquistar. Aperfeiçoava quanto lhe caísse
nas mãos.
Requereu
a primeira das suas patentes para um registrador de votos, que o
levou a Washington em 1868. Lá estava a máquina por meio da qual
um membro do Congresso poderia votar sobre qualquer assunto com um
simples apertar de botão. Com esse invento, todos os congressistas
votariam simultaneamente. Eliminar-se-iam as intérminas chamadas e
o Presidente, com um rápido olhar ao total, poderia anunciar de
pronto o resultado.
Cuidou
Edison que a sua fortuna estava feita. Mas cabeças mais experientes
furaram-lhe o balão. A rapidez era exatamente o que repugnava ao
Congresso. Faziam-se necessários tempo e demora para influir na
legislação. As delongas decidiam votos. Ameaça permanente, os
obstrucionistas poderiam entrar em conciliábulos e pesar na votação.
O Congresso não tinha o que fazer do invento de Edison.
Este
talvez se consolasse se lhe fosse dado saber que em outra época, na
idade atômica, uma repartição do governo lhe prestaria a
assinalada homenagem de participar da comemoração do seu aniversário,
11 de fevereiro, designado o “Dia da Aurora da Ciência”. A
repartição oficial era a Comissão da Atividade Atômica dos
Estados Unidos, e aos dez laboratórios e instalações desse modelo
do século nuclear associar-se-iam milhares de estudantes de ciências
de escolas secundárias, professores de ciências e diretores de
escolas, para homenagear o ex-telegrafista que propiciou à América
o salto gigantesco que lhe valeu a supremacia elétrica e eletrônica.
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