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TRIBUTO
AO PADRE-CIENTISTA ROBERTO LANDELL DE MOURA
O
PIONEIRO DAS TELECOMUNICAÇÕES
No
dia 30 de junho de 2003 transcorreu o septuagésimo quinto aniversário
da morte do Padre-cientista ROBERTO LANDELL DE MOURA,
gaúcho, nascido em Porto Alegre, numa casa de esquina da rua
Bragança, hoje Marechal Floriano Peixoto, com a antiga Praça do
Mercado, aos 21 de janeiro de 1861, tendo sido batizado,
conjuntamente com sua irmã Rosa, a 19 de fevereiro de l863, na
igreja do Rosário, que anos mais tarde viria a ser seu vigário.
Landell de Moura era o quarto de quatorze irmãos, sendo seus pais o
Sr. Ignácio José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de
Moura, ambos
descendentes de tradicionais famílias rio-grandenses, com ascendência
inglesa.
Roberto
Landell de Moura estudou com o pai as primeiras letras. Freqüentou
a Escola Pública do Professor Hilário Ribeiro, no bairro da
Azenha, a seguir entrou para o Colégio do Professor Fernando
Ferreira Gomes. Com 11 anos, em 1872, estudou no Colégio Jesuíta
de Nossa Senhora da Conceição, de São Leopoldo-RS, onde concluiu
o curso de Humanidades. Após seguiu para o Rio de Janeiro, onde foi
cursar a Escola Politécnica. Em companhia do seu irmão Guilherme,
seguiu para Roma, matriculando-se ambos a 22 de março de 1878 no
Colégio Pio Americano, após cursou a Universidade Gregoriana onde,
em 28 de outubro de 1886, foi ordenado Padre.
Retornou
ao Rio de Janeiro em 1886, residindo no Seminário São José e,
neste mesmo ano, reza sua primeira missa na Igreja do Outeiro da Glória
para Dom Pedro II e toda sua côrte. Em função disso, expôs suas
idéias sobre transmissão do som e da imagem ao Imperador.
Substituiu o coadjutor do capelão do Paço Imperial, mantendo,
ainda, palestras de caráter científico com Dom Pedro II.
No
dia 28 de fevereiro de 1887 foi nomeado capelão da Igreja do Bomfim
e professor de História Universal no Seminário Episcopal de Porto
Alegre. A 25 de março de 1891 foi conduzido a vigário, por um ano,
na cidade de Uruguaiana-RS. Em 1892 é transferido para o Estado de
São Paulo, onde foi vigário em Santos, Campinas e Santana e capelão
do Colégio Santana. Em julho de 1901 partiu para os Estados Unidos
da América do Norte. Retornou a São Paulo em 1905,
dirigindo as Paróquias de Botucatu e Mogi das Cruzes. Em 1908
voltou ao Rio Grande do Sul onde dirigiu a Paróquia do Menino Deus
e, em 1916, a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário.
Padre
Landell foi um dos pioneiros na descoberta do telefone sem fio, ou rádio,
como é hoje conhecido, o precursor da radiotelefonia, o bandeirante
da própria televisão, o descobridor das Ondas Landellianas. Em
1893, muito antes da primeira experiência realizada por Guglielmo
Marconi, o gaúcho padre Landell de Moura realizava, em São Paulo,
do alto da Av. Paulista para o alto de Sant’Ana, as primeiras
transmissões de telegrafia e telefonia sem fio, com aparelhos de
sua invenção, numa distância aproximada de uns oito quilômetros
em linha reta, entre aparelhos transmissor e receptor, presenciada
pelo Cônsul Britânico em São Paulo, Sr. C. P. Lupton, autoridades
brasileiras, povo e vários capitalistas paulistanos. Tratava-se da
primeira radiotransmissão da qual se tem notícias. Só um ano
depois foi que Marconi iniciou as experiências com seu telégrafo
sem fio. Em virtude de brilhante êxito de suas experiências inéditas,
em nível mundial, Landell obteve uma patente brasileira para
um “aparelho destinado à transmissão phonética à distância,
com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento
aquoso”, patente nº. 3.279. Era o dia 09 de março de 1901. O mérito
do Padre Landell é ainda maior se considerarmos que desenvolveu
tudo sozinho. Era dessas pessoas que além do seu lado místico,
integrava em sua personalidade o gênio teórico e o lado prático
para a construção de
seus aparelhos. Ele era o cientista, o engenheiro e o operário ao
mesmo tempo. Consciente de que suas invenções tinham real valor, o
padre Landell partiu com destino aos Estados Unidos da América,
quatro meses depois, com o intuito de patentear os seus aparelhos.
Obtém três patentes em Washington, Estados Unidos: “Transmissor
de Ondas” - precursor do rádio, em 11 de outubro de 1904, patente
de nº. 771.917; “Telefone sem fio” e “Telégrafo sem fio”,
em 22 de novembro de 1904, patentes de nºs. 775.337 e
775.846. Nas patentes agrega vários avanços técnicos como
transmissão por ondas contínuas, por meio da luz, princípio da
fibra óptica e por ondas curtas; e a válvula de três eletrodos,
peça fundamental no desenvolvimento da radiodifusão e para enviar
mensagens.
Também
em 1904 o Padre Landell começa a projetar, de forma precursora, a
transmissão da imagem, ou seja televisão e de textos, teletipo, à
distância. As Ondas Landellianas, denominadas assim por um jornal
de São Paulo, que em 1900 se ocupou das teorias científicas do
Padre inventor, conquanto sejam, aparentemente, do mesmo número das
Ondas Hertzianas, todavia diferem muito destas últimas, porque
estas são ondas mais ou menos amortecíveis e produzidas por
movimentos vibratórios elétricos sem Constância nem Uniformidade,
que vão pouco a pouco, decrescendo, ao passo de que as Ondas
Landellianas não estão sujeitas a tais transformações e são
produzidas por movimentos vibratórios elétricos, cujos valores
ondulatórios são CONTÍNUOS e permanecem sempre iguais. Como bem
se verifica, as Ondas Landellianas desempenham, em seu sistema de
telegrafia e telefonia-sem-fio, o papel de um condutor metálico. A
idéia da criação desse campo ondulatório através do espaço, além
de ser genial, é de grande alcance prático e científico, pois já
tem sido aproveitado para vários fins. Nela baseava-se o Padre
Landell na possibilidade de transmitir, também sem fio, a IMAGEM a
grandes distâncias, ou seja, a TELEVISÃO que agora se pratica.
Como
conseqüência das suas descobertas, a Marinha de Guerra do Brasil,
logo no retorno de Landell de Moura dos Estados Unidos, em 1º de
março de 1905 realizava experiências com a telegrafia por
centelhamento, no encouraçado Aquidabã. Foram usados os aparelhos
patenteados em 1901, no Brasil e 1904, nos Estados Unidos. A Marinha
de Guerra é a pioneira no Brasil, da radiotelegrafia permanente.
Por seu pioneirismo nas telecomunicações, o Padre Roberto
Landell de Moura é considerado o “Patrono dos Radioamadores
Brasileiros”. Na verdade foi o 1º radioamador brasileiro em
telegrafia e fonia.
Em 1907, o Padre Landell de Moura, sob a designação de “O
Perianto”, descrevia minuciosamente os efeitos
eletro-luminescentes da aura humana e sua gravação em filme fotográfico.
Mas, somente em 1939 esse efeito foi conhecido, na Rússia, sob a
denominação de efeito Kirlian e sua técnica fotográfica.
Igualmente, o Padre Landell de Moura deixou minuciosos relatos dos
efeitos da acumulação da eletricidade no comportamento do corpo
humano, denominando-os “estenicidade”, e suas formas de controlá-los.
Em
1984 a Fundação de Ciência e Tecnologia - CIENTEC, em Porto
Alegre, construiu uma réplica daquele que pode ser considerado o
primeiro aparelho de rádio do mundo: o Transmissor de Ondas (Wave
Transmitter, patente nº. 771.917, de 11 de outubro de 1904). Esta réplica
encontra-se em exposição no saguão da Fundação Educacional
e Cultural Padre Landell de Moura, na Av. Ipiranga, 3501, em
Porto Alegre - RS.
Além
das ciências físicas, Roberto Landell de Moura se interessou pela
química, biologia, psicologia, parapsicologia e medicina, sendo o
primeiro cientista brasileiro com registro internacional de invenção
pioneira. Suas descobertas estão servindo à humanidade até hoje.
Roberto
Landell de Moura foi Cônego do Cabido Metropolitano de Porto
Alegre. Em 17 de setembro de 1927 foi elevado, pelo Vaticano, a
Monsenhor, e seis meses antes de falecer nomeado Arcediago, promoções
que lhe foram feitas merecidamente. A Igreja Católica, reconhecento
e apoiando o seu trabalho como cientista, concedeu-lhe permissão
especial para viajar aos Estados Unidos da América, onde permaneceu
por quatro anos para patentear seus inventos. Aos 67 anos, no dia 30
de junho de 1928, sábado, às 17:45 horas, morreu, abatido pela
tuberculose, num modesto quarto da Beneficência Portuguesa de Porto
Alegre, cercado apenas por seus parentes e meia dúzia de amigos fiéis
e devotados.
O
Monsenhor João Emílio Berwanger, pró-vigário geral, celebrou, no
domingo, dia 1º de julho, pela manhã, na Capela da Beneficência,
missa de corpo presente. Em caráter solene, na Catedral
Metropolitana, às 15:00 horas, foi celebrada a encomendação,
tendo presidido as cerimônias o arcebispo Dom João Becker,
secundadas pelos monsenhores João Emílio Berwanger, João Maria
Balém, José Barea e Nicolau Marx, e assistidas por todos os cônegos
do Cabido Metropolitano. O “Libera-me Domine” foi cantado com o
acompanhamento de todo o clero secular e regular da arquidiocese. O
templo estava repleto de fiéis e lá fora, uma chuva torrencial.
No
Estado de São Paulo, em 16 de julho de 1992, pela Lei nº.7.957,
assinada pelo Governador Luiz Antônio Fleury Filho, foi instituída
oficialmente a “Semana Padre Roberto Landell de Moura”, a ser
comemorada todos os anos, de 05 a 11 de novembro.
Nas comemorações do 1º Centenário da bem
sucedida experiência pública do Padre Roberto Landell de Moura,
acontecida em 1893, foi inaugurado, em 07 de junho de 1993, às
16:30 horas, na cidade de Santa Maria-RS, em frente ao Santuário de
Nossa Senhora Medianeira, um monumento em sua homenagem.
O Prefeito Municipal de Porto Alegre-RS, Sr.
Raul Pont, em 11 de outubro de 1999, sancionou a Lei nº. 8.355,
autorizando o Executivo Municipal a erigir um busto em homenagem ao
Padre-cientista Roberto Landell de Moura, no Belvedere Deputado Rui
Ramos, no bairro Santa Tereza.
Em 03 de novembro de 1999, o Governador do
Estado do Rio Grande do Sul, Ilustríssimo Sr. Olivio Dutra,
sancionou a Lei nº. 11.384, instituindo a “SEMANA PADRE LANDELL
DE MOURA”, a ser
comemorada de 24 a 30 de setembro de cada ano. A Semana terá como
motivo reverenciar a memória do Padre-cientista Roberto Landell de
Moura.
A Lei nº. 8355 e a Lei nº. 11384 foram
elaboradas atendendo a solicitação do
pesquisador e radioamador Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR.
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Em
13 de julho de 2002 foram
transladados os restos mortais
do Padre
Roberto Landell de Moura que estavam depositados no Cemitério dos
Padres, localizado no Bairro Glória, na Gruta Nossa
Senhora de Lourdes, em
Porto Alegre-RS, para um altar lateral
da Igreja Nossa
Senhora do Rosário, na Rua Vigário
José Inácio, 402, também
em Porto Alegre-RS,
junto às imagens
de São José, Santa
Cecília e
São
Roque. |
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A
urna, que seguiu
em um caminhão de
bombeiros, foi acompanhada por
jovens do grupo Escoteiros do Mar,
de Porto Alegre, e escoltada por
cavaleiros do Movimento Tradicionalista Gaúcho
(MTG). A cerimônia teve
também a participação de
familiares, entre eles, o provedor da Irmandade São Miguel
e Almas e sobrinho do padre,
Guilherme Landell de Moura. Os
restos mortais do monsenhor gaúcho foram recebidos na
Igreja do Rosário pelo arcebispo metropolitano, dom
Dadeus Grings, que celebrou a missa
No altar está uma lápide com
seu nome, as datas de
nascimento, ordenação e falecimento, o registro de seus inventos e
a inscrição “Sacerdote, cientista e precursor da comunicação” |
FAMÍLIA
LANDELL DE MOURA:
PAI:
IGNÁCIO JOSÉ FERREIRA DE MOURA, Comerciante e um dos
cinco fundadores da Associação Comercial de Porto Alegre
(1828-1904);
MÃE:
SARA MARIANA LANDELL DE MOURA
(1832-1926);
FILHOS:
INÁCIO
LANDELL DE MOURA, Dr., médico adjunto do Exército, emérito
professor de línguas anglo-germânicas
(1859-1927);
SARA
LANDELL DE MOURA, solteira
(1860-1925);
ROBERTO
LANDELL DE MOURA, Arcediago Monsenhor, grande cientista
e inventor, Patrono dos
radioamadores brasileiros
(1861-1928);
ROSA
LANDELL DE MOURA, solteira
(1862-1904);
GUILHERME
LANDELL DE MOURA, Monsenhor e Doutor em direito canônico
(1863-1928);
JOÃO
LANDELL DE MOURA, Dr., farmacêutico
laureado e depois doutor em medicina
(1864-1939);
PEDRO
LANDELL DE MOURA, do alto comércio (1867-1943);
ANTÔNIO
LANDELL DE MOURA, farmacêutico
(1868-);
EDMUNDO
LANDELL DE MOURA, farmacêutico
(1869-1929);
ISABEL
LANDELL DE MOURA, solteira
(1870-);
FRANCISCO
LANDELL DE MOURA, farmacêutico
(1871-1943);
RICARDO
LANDELL DE MOURA, farmacêutico
(1873-1934);
SARA
INÁCIA LANDELL DE MOURA, falecida com pouca idade;
TOMÁS
LANDELL DE MOURA, também falecido com pouca idade.
Colaboração:
Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR |
Rua Visconde
de Pelotas, 259 - Apto 302 |
91030-530 -
Porto Alegre, RS |
Email:
ivanr@cpovo.net |
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