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O
VHF EM SANTA CATARINA
Álvaro Tancredo Dippold Júnior - PP5AJ
Até o início de 1979, o VHF em Santa Catarina era praticado por grupos
isolados de radioamadores de Joinville, São Francisco do Sul, Itajaí,
Blumenau, Florianópolis e do sul do Estado. Entre os pioneiros
pode-se citar PP5WB, PP5RG, PP5AZ, PP5HD, PP5LS, PP5AJ, PP5DM,
PP5MQ, PP5AJB, PP5WH, PP5WI, PP5GA, PP5YC, PP5RV e PP5AQM.
Esses primeiros contatos em FM nos 2 metros bem como o acionamento das
repetidoras de Curitiba e, nas inversões térmicas, do Rio e de São
Paulo, entusiasmou a diretoria do CRAJE - Clube de Radioamadores de
Joinville, a iniciar estudos, visando implantar uma repetidora que
viesse motivar o povoamento do segmento de 144 a 148 MHz pelos
radioamadores de Santa Catarina.
Graças ao apoio recebido na época dos colegas PP5WI - Leon (Florianópolis),
PY5BK - Chasko e PY5NV - Nei (ambos de Curitiba), durante a realização
da Concentração de Joinville em outubro de 1978, funcionou em caráter
experimental, no Morro da Boa Vista a repetidora 145.850 - 600 MHz.
Os resultados foram insatisfatórios, devido a pouca altitude do Boa
Vista (250 metros) e o alcance limitado a 50 km.
Baseados nos resultados de uma experiência bem sucedida, de acionamento
de repetidoras do Rio, São Paulo e do Paraná e de comunicações
diretas com cidades do norte de SC e vale do Itajaí, a partir do
Morro do Cachorro, em Blumenau, onde a TV Coligadas Canal 3 tem o
seu transmissor, local com altitude de 830 metros em relação ao nível
do mar, as atenções dos radioamadores catarinenses voltaram-se
para esse local.
Para a instalação da repetidora foi realizada uma cooperativa, com um
fundo especial liderado pelo CRAJE, que requereu a licença junto ao
DENTEL e contribuiu com CR$ 12.000,00 para o projeto, sendo o
restante do custo de aquisição e instalação (CR$ 60.000,00)
cobertos por participações voluntárias de CR$ 1.000,00 dos
associados do CRAJE e colegas de outras cidades.
Os resultados da iniciativa foram surpreendentes e graças à colaboração
da TV Coligadas de Blumenau, na pessoa do técnico Acyr Aguiar -
PP5WFM e ao trabalho da equipe de radioamadores interessados, na
histórica data de 17.03.79 entrava no ar a PP5001 - CRAJE, no Morro
do Cachorro, repetidora pioneira de Santa Catarina, em 145.800 - 600
MHz.
Devido a falta de duplexador e de pequenas munhecadas dos neófitos em
instalação de repetidoras, os primeiros 3 meses foram de
dificultosos ajustes, resultando em várias viagens de Júnior -
PP5AJ de Joinville ao Morro do Cachorro (180 km ida e volta) e a
coragem e dedicação do Maurici - PP5AQM, a ajuda de Acyr - PP5WFM,
Landolino - PP5LS, Toninho - PP5AZ e outros. Cabe lembrar que PP5AQM
- Maurici, foi o único colega com coragem de subir ao topo da torre
da TV Coligadas (42 metros) e lá instalar a antena de transmissão
da repetidora.
Em maio de 1979 a freqüência da repetidora PP5001 foi modificada para
145.820 - 600 MHz e a partir de então o seu alcance normal, que é
Curitiba-Florianópolis no sentido Norte-Sul e Itajaí-Trombudo
Central no sentido Leste-Oeste, deixou de coincidir com a freqüência
de repetidoras de São Paulo e Rio, possibilitando, nas inversões térmicas,
também a colegas do Sul do Estado bem como de São Paulo e do Rio a
realizar QSO's via Morro do Cachorro.
Graças ao sucesso total da PP5001, o tráfego passou a ser intenso e
novos colegas aderiram ao VHF, o que levou os pioneiros, em memorável
reunião realizada em Blumenau a 02.09.79 a organizar nova
cooperativa para a aquisição de uma segunda repetidora, tendo sido
escolhido como local o Morro do Brilhante (entre Brusque e Itajaí),
sob a coordenação do CRAB - Clube de Radioamadores de Brusque. Na
histórica data de 02.12.79, entrava no ar a repetidora do
Brilhante, na freqüência de 146.730 - 600 MHz.
A exemplo da primeira, os primeiros meses foram difíceis, devido a
infra-estrutura disponível no local, o que levou o dedicado colega
Maurici - PP5AQM a subir várias vezes ao Morro do Brilhante,
acompanhado dos colegas de Brusque (Cavaco - PP5WRS, Heinz - PP5WHW,
Osny - PY5TB) até que, graças ao apoio da RBS - Rede Brasil Sul de
Comunicações, na pessoa do colega PP5AV - Cleto Carioni, foram
definitivamente instaladas as antenas e o repetidor.
A repetidora do Brilhante serviu para aproximar principalmente os
colegas de Florianópolis que passaram a ter melhores condições de
acionamento. Teve importante papel comunitário, quando do trágico
acidente do avião da Transbrasil, no Morro da Virginia, em Florianópolis.
Os colegas do Sul do Estado acompanhavam com interesse os excelentes
resultados obtidos com os dois repetidores do Norte de Santa
Catarina e, como resultado de uma promoção regional, em 29.12.79
entrava no ar a Repetidora de Tubarão, no Morro do Camisão, na
freqüência de 146.760 - 600 MHz. Participaram da instalação da
mesma os colegas do sul, PP5GA - Geraldo, PP5WDI - Edi, PP5WNF -
Carlos e os colegas PP5JS - Schneider (Florianópolis), PP5WOZ -
Cassiano (Blumenau), PP5AJ - Júnior (Joinville), PY2TWL - Carlos
Augusto (São Paulo, atual PP5CS). O TV Clube de Tubarão emprestou
a sua infra-estrutura para a instalação da terceira repetidora de
Santa Catarina.
Considerando que a essa altura, uma repetidora de VHF não era mais
segredo, os colegas de Florianópolis PP5YF - Edson, PP5EE -
Eduardo, PP5WKS - Conrado, PP5WI - Leon, PP5VV - Evilásio, PP5JS -
Schneider, PP5LB - Brasil e tantos outros, conseguiram, no dia
10.04.80 colocar no ar, em 147.000 - 600 MHz, a repetidora do Morro
da Cruz, de Florianópolis, com a adaptação de dois transceptores
digitais e um amplificador linear, funcionando como um repetidor. O
sucesso foi total com tecnologia barriga-verde.
A cada dia que passa, os radioamadores vão se integrando mais e mais,
servindo às suas comunidades sempre que necessário. A integração
regional é utilizada para encontros fraternos, divulgação dos QTC's
falados de PT2AA e PP5AA e aulas de telegrafia.
Novas repetidoras e experiências hão de vir em
Santa Catarina, visando o progresso das telecomunicações em um
radioamadorismo integrado, pois, como disse Hiran Percy Maxim, o
grande presidente fundador da ARRL, “há sempre uma nova maneira
de ver as coisas e de senti-las”. E assim, foi escrita mais uma página
da história do radioamadorismo em Santa Catarina.
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