17.06.1876 – 07.06.1946
Natural de São João da Barra, Estado do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 17 de junho de 1876, sendo filho de Manoel Gomes Moreira e Ana Lyrio Moreira, descendentes de portugueses, foi o primeiro radioamador brasileiro, com o indicativo de chamada SB-3IG (também usava o indicativo BZ-1M), em 1909. Seu equipamento foi construído por ele próprio, ao qual deu o nome de “espirocheta”. Realmente tratava-se de complicado conjunto de três “andares”. No “primeiro andar”, como ele mesmo dizia, estavam os três componentes “parecis”; no “segundo andar”, todo feito de pinho, estava embutido o modulador, de 3 watts; e no “terceiro andar” encontrava-se o tanque final, onde também estava colocado o oscilador, que possuía a famosa 6L6, uma válvula usada na época. Havia ainda o RX, construído de todas as peças que encontrou, procurando imitar o SX-17, com pré-seletor, o xtal e o silenciador de ruídos.
Era telegrafista profissional, chefe em Curitiba, inventou, em 1909, um teclado alfabético aplicado ao transmissor Baudot, o “Detector Lívio”, como era chamado por seus colegas e que se destinava a receber as vibrações da telegrafia sem fio.
Este, que nunca se preocupara em patentear sua invenção, continuou com suas pesquisas e inventos, limitando-se, até 1924, à escuta de grandes rádio-emissoras européias, de Nauen (Alemanha), Bordeaux e Assise (França). Utilizava um receptor Telefunken, para ondas de 600 a 4.000 metros.
Em 1913 Lívio Gomes Moreira foi agraciado com uma viagem de estudos à Europa onde, cumprindo missão oficial, pode não apenas ampliar seus conhecimentos, como também obter melhores materiais, o que muito contribuiu para a continuidade de suas pesquisas.
Entre outros trabalhos avulsos, além de seus inventos, publicou a obra “Telegraphia – Noções Práticas”, editada em Curitiba, pela Tipografia Haupt, em 1918. Nesta obra o autor examinou detalhadamente os fenômenos elétricos, visando à educação profissional. Tal obra foi considerada uma das mais atualizadas na época de sua publicação.
No radioamadorismo, apesar da precariedade dos equipamentos, em uma tarde de outubro de 1909, às 17 horas, foi realizada a primeira comunicação rádio-telegráfica entre amadores em nosso país. Tal comunicação ocorreu numa distância aproximada de dois quilômetros, pois o aparelho receptor havia sido instalado na antiga propriedade de José Luz (Juca Luz), nos altos da rua Augusto Stelfeld, e o aparelho transmissor, na residência de Lívio Gomes Moreira.
Lívio foi o primeiro a ouvir os sinais emitidos pelo Engenheiro Carlos G. Lacombe, a quem enviou um telegrama relatando o fato. Carlos G. Lacombe agradeceu, em postal datado de 17 de junho de 1924.
Em 1º de dezembro de 1925, após a regulamentação do Decreto nº. 16.657, de 5 de novembro de 1924, Lívio Gomes Moreira conseguiu seu primeiro comunicado com outro radioamador brasileiro, Humberto Silva – BZ-1A, de Nilópolis, Estado do Rio de Janeiro. Essa comunicação ocorreu após uma vigília de cerca de dez noites consecutivas, com intermináveis chamados (CQ), culminando com a audição fraquíssima dos sinais Morse de seu colega fluminense.
A estação de Lívio Gomes Moreira – BZ-1M, depois PY5AG, alcançou rápidos progressos, conseguindo ele, ainda no mesmo ano, mais vinte e quatro comunicações com as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e Niterói. Sua primeira grande distância (DX) ocorreu no dia 18 de janeiro de 1926, com um radioamador argentino (DK-1), de Bahia Blanca.
Lívio Gomes Moreira era casado com Emma Feifel Moreira, natural de Stutgart, Alemanha. Deste matrimônio teve um filho que lhe levou o nome e as filhas: Hilda Moreira Pedroso, Carmen Moreira Weiss, Zahira Moreira Vianna, Lívia Moreira Martim e Germana Moreira.
Faleceu em Curitiba, aos 7 de junho de 1946, com a idade de 70 anos.
Bibliografia:
Radioamadorismo o mundo em seu lar.
Nas ondas do rádio.
Raízes e evolução do rádio e da televisão.
Boletim do IHGE do Paraná, texto de Germana Moreira.
Colaboração: IVAN DORNELES RODRIGUES – PY3IDR