RUÍDOS DE LINHA

Este é um problema do radioamador “mundial” e aqui em casa, principalmente quando temos algum conteste, organizamos a seção que chamamos de “caça barulhos”.

Eu tenho um equipamento SUPER SNOOP que nada mais é que uma antena direcional para 2 metros de 3 elementos e um receptor fixo para aquela frequência. Esse equipamento nós utilizamos para localizar a procedência do ruído, quando estamos a 50 metros da fundamental do ruído. O mesmo equipamento de caça a raposa.

O ruído de linha, via de regra, é proveniente de 4 fontes principais:

1) Efeito corona em linhas de distribuição 13,8 kV (normalmente):
– Emendas bi-metálicas;
– Amarração da linha nos isoladores;
– Conexões em derivações;
– Arames pendurados na linha;

2) Fuga a terra também em linhas de distribuição 13,8 kV:
– Pára-raios;
– Chaves fusíveis;
– Isoladores de disco e de pino;
– Cruzetas de madeira (c/ baixa isolação);
– Galhos de árvore fazendo semi-conexão a terra;
– Ninhos de pássaros “João de Barro” próximo ao isolador de pino na cruzeta.

3) Fuga a terra ou corona em subestações próximas aos nossos QTHs.

4) Dispositivos no sistema de baixa tensão da Concessionária:
– Reatores de iluminação pública;
– Relés foto-células;
– Semi-curtos temporários entre fases ocasionados por pedaços de arame sobre essa fiação;

Nossos procedimentos da Secção “caça-barulhos”:

1) Identificar a tendência se a fonte é fuga a terra ou corona:

– Se o ruído é com sol quente e clima sem umidade (se for Corona, normalmente o ruído ou é interrompido com chuva ou é suavizado á noite);

– Se o ruído aumenta ou aparece com a umidade ou chuva, certamente é fuga a terra;

2) Identificamos a direção principal do ruído:

Com as nossas antenas direcionais e nosso Transceiver na frequência de maior ruído, giramos as antenas para a direção de maior sinal do ruído.

3) Rastreando:
Um dos nossos fica com um equipamento de 2 metros na estação monitorando o rádio e outro experiente vai com o carro (com supressor de ruído) e o SNOOP, mais um HT para comunicação com a estação. Esta equipe móvel vai procurando a fundamental do ruído na direção apontada pela direcional (normalmente temos uma foto aérea do QTH que cubra um raio de aproximadamente 5 km).

4) Descobrindo:
Neste ponto já sabemos se o ruído é fuga a terra ou corona, conforme o exposto acima.

5) Se for Corona:

Percorreremos todas as linhas de distribuição de 13,2 kV num raio inicial de 2km, conforme a intensidade do ruído e com o “caça a raposa” a uma distância de 50m e a anteninha de 2 metros buscará a direção do ruído de acordo com a intensidade. Quando chegamos bem próximo da fundamental do ruído o aparelho apontará exatamente onde está o ruído. Se, por exemplo, o ruído for num determinado poste da linha de 13,2 kV, provocamos um balanço no poste e observaremos o comportamento do ruído. Esse procedimento sempre em contacto através 2 metros com a estação. Anotamos o número do poste, por vezes a olho nu ou binóculo se identifica a causa. Chamamos a Concessionária local para a manutenção já com o problema analisado. A noite quando o problema de corona é maior pode-se identificar exatamente a fonte do local de geração do ruído através uma luz azul normalmente produzida facilmente visualizada em contraste com a escuridão da noite.

6) Se for fuga á Terra:

Se o ruído for produzido por fuga a terra a identificação visual é mais fácil e a intensidade do ruído varia de forma diretamente proporcional ao teor da umidade.

OBSERVAÇÕES:

Na maioria dos casos, a fundamental do ruído está localizada a no máximo 2 km de sua antena. Quanto melhor e mais alta a antena, maior é a intensidade do ruído. Em seguindo este procedimento a identificação e localização do ruído não pode tardar mais do que 2 horas, por mais densidade de consumidores da região.

Ainda não houve “nenhum ruído” que não identificássemos e eliminássemos em qualquer das nossas 3 estações de contestes ZW5B, ZX5J, ZX0F.

Lamentavelmente o maior problema é que as Concessionárias não tem pessoal qualificado para rádio interferência, e a eliminação do problema “tem” que ter a nossa atuação pessoal. Se pedirmos para a Concessionária eliminar um determinado ruído sem a nossa atuação direta, teremos:

– O ruído não será encontrado e muito menos eliminado (na maioria das vezes);

– Ficaremos extremamente amolados com a situação, ficaremos criticando a concessionária;

– Perderemos DX e Contestes;

– E finalmente perderemos a motivação para fazer o nosso rádio.

Esse aparelho localizador de ruídos é extremamente simples e qualquer um de nos pode fazê-lo, ou podemos comprar nos EUA por aproximadamente U$160 (Acho que vale a pena).

Na ausência desde equipamento (existem outros mais sofisticados), pode-se utilizar um rádio de pilha que tenha ondas curtas e FM.
Fonte: PY5EG – Atilano – Araucária DX Group – Curitiba – PR

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Author: Radioamador